ALP
ASSOCIAÇÃO
LISBONENSE
DE PROPRIETÁRIOS
Professor Luís Menezes Leitão – 21.03.2018

O impacto positivo do alojamento local na reabilitação urbana.

 

Após décadas de congelamento de rendas, com especial incidência nas cidades de Lisboa e Porto, os nossos centros urbanos atingiram uma degradação profunda. Há uns anos a Câmara Municipal de Lisboa fez um estudo sobre o estado do parque imobiliário da cidade, o qual chegou à conclusão de seriam necessários 8.000 milhões de euros só para reabilitar a cidade de Lisboa. Se se pensar que esse valor representava 10% do que o Estado Português pediu emprestado à Troika, é fácil perceber o estado a que tanto anos de políticas erradas conduziram a capital do país.

A situação só começou a mudar com o advento do alojamento local, que teve um enorme impacto nos últimos anos. Para esse impacto contribuíram vários factores. Em primeiro lugar, as qualidades turísticas do país sobressaíram, especialmente por ser um destino seguro, em comparação com outros destinos turísticos que lhe poderiam fazer concorrência. Em segundo lugar, o país tornou-se mais acessível em virtude da maior oferta de voos efectuada pelas companhias aéreas low cost. E por último o desenvolvimento da economia de partilha, com a possibilidade de colocação dos imóveis em plataforma digitais, permitiu um grande aumento da oferta de dormidas colocada á disposição dos turistas. Assim, muitos proprietários optaram por colocar os seus imóveis no alojamento local, que lhes garantiu um maior retorno, mas ao mesmo tempo lhes oferece mais confiança, face à enorme instabilidade legislativa que existe no âmbito do arrendamento urbano. Para isso naturalmente tiveram que investir em obras de reabilitação, fazendo com que os prédios dos centros urbanos ganhassem nova vida, afastando-os do destino habitual de se manterem devolutos e degradados.

O alojamento local foi assim responsável pela reabilitação dos nossos centros urbanos, que há uns anos parecia inexequível. Hoje o alojamento local tem um impacto de 1.660 milhões na economia lisboeta, valendo 1% do PIB e já tendo criado 5.706 postos de trabalho em 2016. O país deveria por isso aproveitar desta situação, enquanto as cidades de Lisboa e Porto estão na moda, até porque se sabe que as modas passam depressa.

Infelizmente, no entanto, os nossos deputados são incapazes de deixar os negócios florescer livremente, mesmo quando o seu impacto é muito positivo. É assim que no Parlamento já foram apresentados vários projectos-lei para dificultar o alojamento local, fazendo-o depender da autorização dos condomínios, das câmaras municipais, ou limitando a sua duração a três meses. Tudo isto só vai conduzir a que os turistas deixem de ter dormidas disponíveis e em consequência abdiquem de visitar o nosso país, optando por outros destinos que não colocam entraves à sua estadia.

Infelizmente o que caracteriza Portugal é que desperdiça sempre as poucas oportunidades que tem.

 

 

Luís Menezes Leitão

Presidente da Associação Lisbonense de Proprietários